ANTÓNIO BOLOTACru

A vontade de criar um conjunto de condições específicas para que o banal nos confronte com o impossível faz parte da linguagem do artista. Neste caso, um conjunto de troncos de eucalipto foram recolhidos durante uma ação de abate florestal na zona de Alcabideche e fazem uma viagem articulada e transformativa até ao Sismógrafo, no Porto. O observador é convidado a entrar num ambiente silencioso, enriquecido e aumentado pela carga metafísica que se articula à medida que a peça se desenvolve pelo espaço expositivo. As concepções prévias sobre as matérias e a exploração do potencial de transcendência contido em elementos aparentemente simples questionam as fronteiras entre o que é uma projecção do verdadeiro e o que é verdadeiramente real. 

António Bolota nasceu em Benguela, Angola, em 1962, mudando-se para Portugal com 15 anos de idade. Actualmente, trabalha e vive em Lisboa. Formado em Engenharia Civil - área onde tem vindo a desenvolver a sua atividade profissional -, Bolota renovou o seu interesse pela arte nos anos 90, estudando História da Arte e Estética e concluindo, em 2008, o Curso Avançado de Escultura no Ar.Co, em Lisboa. A sua atividade profissional proporcionou-lhe frequentemente a possibilidade de reavivar e dar novas utilizações temporárias a edifícios antigos em processo de reconversão. Foi assim que fundou e ajudou a criar vários espaços expositivos independentes em Lisboa, tais como Bartolomeu 5 (2003-2004), Avenida 211 (2004-2012) e Ar Sólido (programado por Bolota e Marco Pires entre 2013 e 2015). Situado num magnífico edifício na Avenida da Liberdade, o espaço Avenida 211 tornou-se um lugar de referência para os artistas plásticos produzirem e apresentarem o seu trabalho, com dezenas de ateliers e alguns dos mais dinâmicos espaços de exposição de Lisboa. Geridos pelos próprios artistas ou por jovens curadores, estes espaços incluíam a Kunsthalle Lissabon, o Parkour, a Barbershop, o Escritório e a Sala Bebé. O trabalho artístico de António Bolota surge maioritariamente sob a forma de escultura onde temas como a metafísica dos materiais, o peso, o equilíbrio, a engenharia e a arquitetura são usados como ferramentas para preparar um campo semântico que confronta o espectador com elementos do mundo físico que todos conhecemos, originando novas interpretações sobre o próprio mundo.